Publicado por: Cyborganica | 09/09/2009

Cyborganica, o Coletivo*

Começamos com o Encefalo Falante. É em torno deles que se formou o que mais tarde fora chamado de Coletivo Cyborganica.

Três amigos de longa data montaram um power trio. Parecia simples e o óbvio a ser feito. Em pouco tempo, conforme foram compondo suas musicas e ensaiando, a participação de outras pessoas no projeto crescera.

Primeiro veio Dávina. Não há registro de nenhuma forma de contato anterior no sentido de um convite a participação dela, no entanto ela começou a aparecer nos ensaios e tocar com eles.

Depois veio Lisbella. Um dos três integrantes virtuais a convidara para aparecer um dia, ela decidiu ficar.

O terceiro a entrarem para a trupe foi o Virtuisk. Um convite por telefone, e quano se viu eles já tinham se mudado para dentro do estúdio da banda.

É possível que já nesse momento se configurasse um coletivo. Afinal eram um grupo completamente independentes entre si que se associava quando e como queria para fazer música.

Os últimos a chegar foram os Arcos do Acre e Giramundo. Após o convite do Virtuisk, Rick se lembrou desse projeto que um amigo seu (Não encontrei registros de quem fosse esse amigo) montara e lhe pediu que enviasse alguns para participar de vez em quando. Sendo esse um projeto grande de musicalização, as participações variavam sendo assim impossível determinar um unico conjunto de pessoas que participou como arcos do acre.

Giramundo foi o último a entrar e pode-se dizer que é a sua presença que torna possível a execução do coletivo (seus samplers e programações possibilitavam aos arranjos serem executados independentemente da flutuação do grupo).

Aqui, após atingirem um contingente digno de uma Big Band, já mesclando digitalizações com execuções orgânicas e agindo de forma coletivo em suas decisões, composições e arranjos eles decidiram que seria desse modo que seriam conhecidos: coletivo Cyborganica.

* Este texto foi extraído dá página 2677 do livro Estudos Sobre Músicos do Século XXI, do Dtr Pablo Augustus Silva, capítulo 102.

Publicado por: Bruno Garcia | 09/09/2009

Virtuisk e a Viagem Errada

É impossível fazer com que o Virtuisk conte exatamente a mesma história duas vezes. Como eles vieram parar aqui é pra mim uma das mais divertidas que conheço. Tentarei montar de uma maneira que faça sentido.

Como isso foi ocorrer é ainda um mistério total e completo, mas o que eu sei é que João, Jorge e Jonas se encontraram pela primeira vez num barzinho em Israel pra uma Jam. Eles não se conheciam, mas já tocavam por aí e ouviram falar dessa jam aberta, decidiram participar e lá se conheceram.

Bem, era manhã quando eles começaram a cair exaustos por ali, em mesas. Então ouviram a melhor idéia da noite: Dali sairia a sessão de metais de uma Big Band que percorreria EUA, Israel, Europa. O Vituisk se formara quase sem querer, pois os três estavam dentro da big band.

Aqui as coisas pioram: Eu não sei quantos shows eles fizeram juntos, se é que fizeram algum, e se eles houveram, também é impossível precisar onde e quando eles ocorreram. De alguma forma, no entanto, eles foram parar no Kingston, Limeira, ao invés de Kingston, Jamaica.

Por favor, não me pergunte como. Eu juro que tentei entender, mas absolutamente nenhum deles faz sentido quando conta.

Por algum motivo quando chegaram ao Kingston os três estavam sem documentos, sem passaportes, sem nada a não ser seus ternos desalinhados e seus instrumentos. E decidiram ficar por ali. Simples assim:

Tocavam algumas noites por semana, e comandavam as noites de palco livre. Em uma das vezes que fomos lá os conhecemos, chegamos a fazer algumas jams com eles. Por isso lembramos deles tão rapido quando percebemos que o coletivo estava se formando: Eram a escolha perfeita pra operar os sopros.

Onde?

Kingston.. Knaw? Kingston.

(O menor, ruivo, gesticulava como se tocasse trompete na minha frente, os outros dois já tiravam o sax e o trombone de suas cases)

Sim, Kingston. But Kingston is on Jamaica. We’re in Brasil.

Ow… Well… Yahh… Ya Knaw, salt american all look like ta me.

(Porque eu fui perguntar de novo? Por que? Por que?)

Ok. Shall we play?

We shall.

Publicado por: Bruno Garcia | 19/08/2009

Um sábado a tarde – Virtuisk

Vou ligar pro Gambá então…. Alô, Gambá? Tudo bom? Beleza… Aqueles gringos ainda tão por aí? Uhum… Tá bom então.

E aí?

É pra ligar em dez minutos.

Hmmm tá bom.

Alô, Gambá? Ta aí? Qual deles? Maravilha, deixa eu falar com ele então. “Alô? Sim sim, sou eu mesmo. Vocês topam fazer um som com a gente? É, se vocês puderem. Tá bom então. Estamos indo. Abraços”*

E aí?

É só ir buscar eles, estão esperando.

Sério.

E qual é o nome deles então?

Não faço idéia, mal consigo entender o que eles falam.

Tá.

* Traduzido diretamente da língua dos músicos por mim.

Publicado por: Cyborganica | 14/08/2009

Dávina

“A terra era lameada. O céu em suas infinitas noites tortuosas moldava
as possibilidades do futuro mundo. O criar e Divino. A criação, uma
dádiva. A origem, remetente. Os destinos, intermitentes.

Sob a pedra, começa a secar o barro. Com a intervenção reduzida surge a
interação. A lama começa a se moldar. A se manifestar, mexer, a ganhar
forma, o contorno vaga pela noite tempestuosa, deixando vazar sua
matéria prima e alterando agora o espaço que outrora fornecera seu
parto.

Mas do céu vem a água que amolece a terra. Para manter sua forma, a
forma precisa ocultar-se da chuva e esperar secar. Desesperadamente
ela procura um abrigo. Encontra. Agora irreconhecível. Nada mais
restara daquela primordial estrutura. Só essência, só origem.

Quando cessará a chuva? Quando?

A chuva cessa vagarosamente. As nuvens revelam a fonte de luz branca
pendurada no céu. Se seguir com o olhar nasce a dúvida: A luz ilumina
a nova e reveladora forma ou é iluminada por ela? A reciprocidade
confundível e hipnótica.

Em pé, segurando o fruto da árvore que a abrigara, uma outra forma,
similar aquela que emprestara o barro ao seu surgimento, parece ter luz
própria e emprestá-la a Lua que totaliza o céu. A definição de belo,
reluzente.

As formas se reconhecem e o dia amanhece. Com o retorno do sol, o barro
esta seco e homem e mulher estão feitos.”

Já estava babando. Cara de idiota e queixo caído. Essa foi a resposta
da Dávina quando perguntei de onde ela era. Linda desse jeito e fala
essas coisas, fatal que fará parte do Coletivo.

Publicado por: ricardolupe | 10/08/2009

Lisbella – A flor da guerra

Em um dos seus lugares favoritos, a mesa do bar, foi onde eu conheci melhor a bela filha de Oyá.

Uma moça que derrama sua beleza enquanto enche o copo, mas que mostra seu verdadeiro valor quando se levanta da mesa cambaleando e segue a lutar, sem nunca cair, nessa guerra diária e cruel que chamamos de vida. E eu não esperaria outra coisa, quem está por ela adora uma boa batalha e bate forte.

Descubro que ela é percussionista e isso explica o constante batuque nas pernas ou na mesa, batuque que mesmo sem perceber, eu acompanhava. É então que com uma sinceridade que eu presenciei poucas vezes na vida que ela diz:

Sentando a mão no couro foi que viveram meus antepassados. Felizes na mãe África, ou escravos na madrasta América. E assim sou eu, toco pra celebrar a felicidade e também para contemplar a tristeza. Acaricio peles e pratos quando alguém precisa de mim e bato até rasgar a pele, do tambor ou a minha, o que vier por último, quando fico puta.

É assim que Lisbella é, e é por isso que Lisbella toca. O impressionante é que ela não precisa dizer nada disso. Seu olhar entrega aos mais atentos a pessoa forte que ela é. Suas mãos carregam uma espada cada. A primeira terracota de sua mãe, a segunda azul de seu pai.

Sabe… eu tinha uma banda que tinha o mesmo nome que você.

Bacana. Você toca ainda?

Toco, sim. Mas o Lisbella acabou, agora a gente ta montando o Cefalofalante. Você podia fazer um som com a gente qualquer dia desses.

Certeza, vamos combinar. Mais uma breja?

Publicado por: Virtuisk | 04/08/2009

Jorge e o Saxofone Salvador

Jorge, o Palestino

Jorge, o Palestino

Intifada. Jorge nasceu com ela, e parecia, as vezes, que morreria com ela pairando sobre sua cabeça.

As balas zuniam, as bombas destroçavam sua cidade. E as pedras, os destroços, os entulhos voavam de volta.

Jorge aprendeu a arremessar pedras com a mesma facilidade que apredera a andar. Talvez mais fácil.

Não gostava de música quando criança. As batida lhe lembravam balas. SEMPRE.

Um dia a tarde, andando na rua ouviu a ordem para ele parar. Ele conhecia aquelas palavras em hebraico, elas sempre antecipavam a morte de algum conhecido seu. Não parou, se arremessou pra dentro de uma ruina, uma antiga casa ou comérico.

As balas soaram, e ressonaram.  Ao lado de Jorge um antigo cano…  Provavelmente aquela era uma casa de banhos. Ele parou as balas israelenses, salvara-o. Sem pensar no porque, jorge agarrou aquele cano, mas ao invés de arremesá-lo no soldado, decidiu ficar com ele, partiu correndo.

Seu avô era um antigo metalúrgico fã de música, e conhecia um punhado de luthiers. Não muitos estavam vivos, e menos ainda tinham suas oficinas. Mas quando Jorge lhe mostrou o pedaço de cano que tinha  e disse que queria fazer alguma coisa com aquilo para não mais se esquecer daquele dia, o rosto do velho senhor se iluminou: ele pegou o cano da mão de Jorge e apenas respondeu que o procurasse dali um dia ou dois, talvez fosse melhor na semana seguinte, era perigoso atravessar a cidade naqueles tempos.

Jorge voltou no dia seguinte. Durante toda a semana ele visitou seu avô e sondou para saber o que ele fizera do cano. Nada soube. Muito chá foi tomado, até que quase um mês depois um velhinho apareceu para tomar um chá com seu avô. ele trazia um grande embrulho e este parecia bem pesado.

No fim do chá o velho retirou um enorme saxofone de dentro e disse: Foi a única coisa que eu pensei em fazer com aquele pedaço de cano que me deu, tive de cortar e torcer e aparar, mas ficou bom. Muito bom mesmo.

Seu avô olhou para ele, seu rosto iluminou-se e ele disse: Pronto garoto, agora você tem de volta seu saxofone salvador, pare de me importunar e toque isso lá fora, por favor.

Publicado por: Virtuisk | 04/08/2009

Jonas e o Velho Trombone

Jonas era um menininho croata que detestava, desde sempre, as orquestras tambouricas!

E como se isso não bastasse, ele expunha seu descontentamento sempre que podia. E isso era muito frequente.

Um dia, Jonas já era grandinho nessa época, lhe caiu em mãos um trombone! Era um instrumento engraçado, aquele lance de dar as notas esticando o braço. Era divertido, fazia uns barulhos bacanas, e completamente diferente dos que as tambouricas faziam.

Em pouco tempo aprendeu as músicas das tambouricas, e decidiu se apresentar em uma das festas que tanto reclamara antes! Era, depois que a ONU foi embora, os únicos lugares que se tinha para tocar!

Não foi nem um pouco bem recebido. Eram tempos de nacionalismo nas alturas, e aquele instrumento claramente não era croata o suficiente. Mas ele era croata e tocava aquilo, como ele poderia não ser croata?

Nunca entendeu. Passou a tocar sozinho então, as vezes para algumas pessoas, aos poucos mais e mais pessoas pareciam gostar do som que ele fazia com aquilo, e antigos discos que ele encontrava sempre o ajudaram a ir tocando, praticando, aprendendo aos poucos. E foi aos poucos que Jonas e seu Velho Trombone foram grudando, um no outro até não mais poderem se largar. Jonas nunca falou nada a ninguém, mas as vezes ele poderia jurar que nasceu tocando trombone.

Publicado por: Virtuisk | 04/08/2009

João e o Trompete de Vidro

João era um menino numa pequena fazenda irlandesa.
Como todo menino irlandes, o sonho dele era ganhar a sua primeira garrafa de uísque.
Mas aquela era uma garrafa diferente: Dentro dela tinha um trompete.
Não um pequeno trompete de latão, mas um trompete de vidro, moldado por dentro da garrafa, saindo de seu fundo e chegando ao gargalo.
Ele nunca soube de onde viera aquele trompete de vidro, mas sabia q ele seria seu, se conseguisse tocar toda A Canção do Trompete de Vidro, num trompete de latão durante as comemorações do 5001º aniversário do trompete de vidro.
João, garoto esperto e bom irlandes não só tocou a canção toda, como deu dois bis, motivo pelo qualganhou a disputa: seis horas de música ininterrepta e ninguém estava sóbrio o suficiente para tocar!
Quem dirá decidir notas.
Finalmente ele ganhara o trompete de ouro, mas só poderia tocá-lo 1 vez na vida, seu último gole de whisky na tera. Ele pensou um pouco, armou-se do tromete e levou aos lábios: um nota loinga ecoou!
Abaixou o trompete, pegou um copo de uisque: Esse é meu primeiro e ultimo gole, e não pretendo terminar ele tão cedo!

João era um menino numa pequena fazenda irlandesa.

Como todo menino irlandes, o sonho dele era ganhar a sua primeira garrafa de uísque.

Mas aquela era uma garrafa diferente: Dentro dela tinha um trompete.

Não um pequeno trompete de latão, mas um trompete de vidro, moldado por dentro da garrafa, saindo de seu fundo e chegando ao gargalo.

Ele nunca soube de onde viera aquele trompete de vidro, mas sabia q ele seria seu, se conseguisse tocar toda A Canção do Trompete de Vidro, num trompete de latão durante as comemorações do 5001º aniversário do trompete de vidro.

João, garoto esperto e bom irlandes não só tocou a canção toda, como deu dois bis, motivo pelo qualganhou a disputa: seis horas de música ininterrepta e ninguém estava sóbrio o suficiente para tocar!

Quem dirá decidir notas.

Finalmente ele ganhara o trompete de ouro, mas só poderia tocá-lo 1 vez na vida, seu último gole de whisky na tera. Ele pensou um pouco, armou-se do tromete e levou aos lábios: um nota loinga ecoou!

Abaixou o trompete, pegou um copo de uisque: Esse é meu primeiro e ultimo gole, e não pretendo terminar ele tão cedo!

Publicado por: Bruno Garcia | 04/08/2009

Uma terça feira a noite

A gente podia tocar junto né?
É, podia. Eu topo, vc topa?
Eu topo, e vc?
Topo.
Pra tocar o que?
Música
Todo tipo?
…Que a gente quiser
Bacana.
E como vamos nos chamar?
Não sei, pensei em algo q falasse assim que a gente tem idéias em forma de sons
Tipo cérebros com autofalantes?
É!

Que tal Cefalofalante?
Que!?
É esquisito, faz sentido.. gostei

Cefalofalante… é bacana

é… Parece bom

é.

e… Vai ser só a gente?

Publicado por: Cyborganica | 04/08/2009

1/6 Bilhões II

E se um dia for embora tudo que vc sonhou?
Tudo vai ficar do jeito que está, ou talvez não
O labirinto se ergue bem em frente a você
E nem sempre isso é bom
E aí como vai ser?
Surpreso, vejo quanto um passo
Altera tudo o que eu faço
E só as rugas contam a história do nada
A vida é louca
Esse é o resultado
Abençoado ou condenado
Vc chegou até aqui
E é apenas assim
1 sobre seis bilhões

E se um dia for embora tudo que vc sonhou?

Tudo vai ficar do jeito que está, ou talvez não

O labirinto se ergue bem em frente a você

E nem sempre isso é bom

E aí como vai ser?

Surpreso, vejo quanto um passo

Altera tudo o que eu faço

E só as rugas contam a história do nada

A vida é louca

Esse é o resultado

Abençoado ou condenado

Vc chegou até aqui

E é apenas assim

1 sobre seis bilhões

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